Lei Áurea e a Ponte Hercílio Luz

EM 13 maio, 2019

O 13 de Maio de alguns anos

por JotaB, 13/5/2019, Floripa, 7h22m

E não é que o dia hoje amanheceu irradiando escravidão?

Opa! 13 de Maio.

Na mianha infância (curtida dentro de um fim de regime militar) a data era muito bem lembrada. Fazíamos cartazes ilustrando o fato, jogral em sala de aula encenando algum poema de Castro Alves, no palco da escola discursos temáticos em prol da causa. E o que se falava naquela época (e aqui me refiro aos idos de 72-80) tinha um texto que parecia ser um teatrinho, algo escrito como roteiro, mandado dizer…

As causa populares ainda hoje mostram que a escravidão ainda perdura, mundo à fora. E aqui, não retratamos apenas a escravidão dos negros, trazidos à força lá da África para fazer os trabalahos que os índios não aceitavam de forma alguma em fazer, e muito menos, os brancos, europeus, que num patamar elevado do “eu sou mais para fazer isso”, se punham à margem desta história.

Vencidos 131 anos, a escravidão libertou muitos dos afazeres forçados, mas engajou muitos (e aí de outras etnias, inclusive as gerações futuras daqueles europeus de outrora), num frear de dependências por conta de uma política social que se apresenta não favorável ao desenvolvimento humanitário.

38 anos depois de assinada a Lei Áurea, entregava-se ao povo catarinense, mais diretamente aos moradores da região metropolitana de Florianópolis, uma ponte edificada à base de ferro maciço, denominada Hercílo Luz, e que almejava impulsionar o progresso.

De sorte que no início, podemos ter certeza, que esse foi o resultado. Mas, assim como na lei Áurea, no pós-Lei, não se pensou em suas consequências e como deveriam ser tratados todos os caminhos que surgiriam, na questão da ponte; se esqueceram que ela, como  matéria, se deteoraria e com isso, precisaria de manutenção. E que seria cára. Com isso, se criou um outro tipo de escravidão.

O povo da ilha (e do continente, com seus compromissos e empregos na ilha), ficaram todos limitados à um único meio de entrar e sair de lá. Único caminho: a ponte. Em dado momento, quando as autoridades perceberam o quão cáro ficaria para mantê-la, e ela já precisava de urgente reforma, acharam mais barato construir outras pontes, mas, com o progresso… pontes de concreto!

E veio a Colombo Salles e a Pedro Ivo. E a Hercílo, alí, do lado, esquecida, ferro envelhecendo…. ponte interditada.

E com isso, lá se vão 30 anos de ponte interditada e em permanente estado de manutenção.

Opa… Luz no fim do túnel: fala-se finalmente que em 30 de Dezembro ela será liberada.

Então, fica a pergunta para se responder em 1º de Janeiro de 2020: Qual escravidão se fará primeiro em ruinas?

 

(13 de maio comemora-se no país aniversário da assiantura da Lei Áurea pela Pricensa Isabel -131 anos. Em 13 de Maio, comemora-se a inauguração da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis -93 anos).

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