Como viver com o Barulho.

EM 19 nov, 2019

Barulho.

O Vilão dos tempos modernos.

por JotaB, São José/SC, 19/11/2019, 09h45m

Sabemos muito sobre o barulho e pouco fazemos em relação à ele. Suportamos, essa é a palavra que define nossas ações em relação à este problema. Isso, posto que é no geral. Pois muitas pessoas já aprenderam uma forma (ou algumas) de se livrar dele.

Parece que o barulho nasceu com a revolução industrial, após os idos de 1850, por conta do surgimento das fábricas, dos carros, da eletricidade, da máquinas e motores, ajudado nos tempos atuais pelos potentes equipamentos de som, turbinas e culturas.

Mas não.

O barulho já era enxergado, por exemplo, lá na época do Império Romano, século 7 a.C.. O Império se incomodou com o barulho feito pelas rodas das carroças trafegando pelas ruas de pedra, que perturbavam o sono dos romanos. Tanto que o Imperador publicou uma lei determinando as ruas e os horários que as carroças e bigas poderiam circular. Não havia ainda a polícia de trânsito, nem Detran, mas os soldados, espalhados por todo Império, ficavam de olho em qualquer som acima da normalidade.

O que aconteceu foi apenas os “incrementos”. A evolução.

Quando o SOM vira BARULHO

Nem todo som é barulho, e vice-versa. A definição mais clássica é de que, quando um som não é compreensivo (pela qualidade, tipo e volume) à ponto de criar desconforto ou incomôdo, ele se torna “barulho”.

Portanto, uma boa música, de qualidade e respeito, se tocado em altíssimo volume, poderá para alguém, ser classificado (ou, entendido) como “barulho”.

Qualquer som que estejamos criando ou reproduzindo, para que não seja compreendido como “barulho”, precisa ficar dentro destes padrões. Se não, gera desconforto para outras pessoas, que, ao tratarem como barulho, poderão exercerem reações no sentido de opreender quem produz ou reproduz tal “som”.

Quando o BARULHO vira problema

A poluição sonora corresponde ao ruído provocado, por exemplo, por estradas movimentadas, trânsito urbano, fábricas, tráfego aéreo, construções, latidos de cachorros, escolas, pessoas em ações nas ruas, crianças gritando tempestivamente, obras, eventos como shows e feiras.

Cabe esclarecer que nem todo som é considerado poluição sonora. O som corresponde às vibrações, originadas por alterações na pressão, que se propagam através de meios elásticos. Já o ruído, ou barulho, é definido como a presença de sons indesejáveis, fonte da poluição sonora.

A exposição a fontes de poluição sonora pode provocar diversos efeitos negativos na saúde humana.

Pode interferir na comunicação, provocar distúrbios no sono, irritabilidade, estresse, distúrbios psicológicos, problemas cardiovasculares, zumbidos no ouvido e danos à audição.

A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 100 milhões de pessoas apresentam alguma espécie de dano provocado pela exposição a ruídos. A perda de audição, devido à exposição a ruídos, pode ser temporária ou irreversível.

Uma das causas das alterações na audição é a degeneração das células nervosas do ouvido interno. Atividades que requerem atenção e memorização também são profundamente afetadas pela presença de barulhos. Pesquisas indicam que os alunos de escolas próximas a fontes de ruídos apresentam uma concentração menor e uma maior dificuldade de aprendizado, quando comparados a alunos que estudam em locais silenciosos.

A PERDA OU DIMINUIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

Pode parecer clichê, mas o barulho pode sim interferir na qualidade de vida de uma pessoa. Estudos já identificaram essas ações e serviram de indicativos das formas como isso ocorre e quais os canais de solução ou amenização pra o problema.

Algumas soluções podem custar caro, outras requerem mudar hábitos. Mas todas e quaisquer ações que se precisarem para melhorar a qualidade de vida, não teem preço.

Na escola, onde a criança está inserida num ambiente barulhento, ela reduz a capacidade de concentração, por escala, de aprendizagem, rendimento, notas e… comportamento. Tende a se tornar agressiva e tempestuosa. E como a criança passa, em média, de 4 a 6 hora diárias na escola, ou seja, um quarto do dia, transformando isso numa escala e em processo de continuidade, imagine o resultado final depois de um ano letivo!

Em casa, onde um indivíduo permanece de 6 a 8 horas, contínuas, num intervalo de 6 dias, se o barulho lhe for recorrente, seja produzido dentro de sua casa ou vindo de fora, o seu comportamento poderá ser afetado tão igual ou até bem pior que a da criança citada no exemplo anterior.

Vários estudos apontaram estes caminhos e seus malefícios. Foram além também.

Imagine no ambiente de trabalho, numa sala de reunião e o barulho externo, de uma rodovia, com trânsito pesado de carros e caminhões. Qual aproveitamento que se tem numa reunião de 40 minutos? Ou então, numa única sala, 20 pessoas dividindo o espaço e cada um com  liberdade para mastigar alimentos, consumirem líquidos, ouvirem seus áudios de redes sociais…

Sim, o barulho interfere na qualidade de vida. E ao se referir na qualidade de vida, falamos dos fatores de qualidade de trabalho, de sono, de saúde, de desenvolvimento corporeo (aqui, pensamos nas crianças pequenas -principalmente os bebês).

A prevenção

Medidas de prevenção, como projetar motores de veículos mais silenciosos, construir aeroportos em locais afastados e investir em revestimentos acústicos para estabelecimentos como discotecas, fábricas e escolas são necessárias para reduzir os níveis de ruído das cidades. Também é preciso repensar a arquitetura das residências, colocando os quartos nos locais mais silenciosos, e utilizando esquadrias acústicas e plantando árvores e arbustos que forneçam alguma proteção acústica aos barulhos oriundos da rua. Campanhas para conscientizar a população sobre os perigos da exposição a ruídos e incentivar o uso de equipamentos de proteção por trabalhadores em locais de risco podem e tendem a ajudar neste caminho, já que cria uma conscientização geral das pessoas e às levam para um nível melhor de vida.

Da mesma forma como já foi provado que em locas onde há maior concentração de árvores, a temperatura ambiental (de rua) é mais confortável, se observou que o nível de ruídos é mais aceitável também.

Ambientes residenciais com esquadrias acústicas permitem que as pessoas possam conviver melhor; numa sala de tv, poder assisir a um programa num volume de som baixo, que não afeta o sistema auditivo de seus moradores. Se for num quarto, a pessoa consegue ter um sono mais adequado, leve e contínuo, que reflitirá numa manhã seguinte mais aproveitosa, de bom humor melhorado e num dia muito mais rentável.

Qualquer prevenção carece de uma avaliação dos riscos e de uma ação de correção, de forma sistêmica e determinada. E quase sempre, os reflexos positivos ocorrem para quem os promove e para quem participa junto, no mesmo ambiente, convive no mesmo espaço. Ou seja, se rateado, o lucro é uma fortuna.

 

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