Na morte de King Jr, o nascimento de Maya Angelou

EM 4 abr, 2018

4 de Abril.

por JotaB, 04-04-2018

Seja coincidência ou não, na mesma data, 04 de Abril, duas lembranças distintas mas de perfis de guerreiros, tornam-se presentes nas nossas memórias de civilidade.

Em 04 de Abril de 1928, exatos 90 anos passados, nascia em St.Louis, Missouri, USA, Marguerite Ann Johnson, que pelas transformações da vida, assumiu o pseudonome de “Maya Angelou“, na década de 50.

Em 04 de Abril de 1968, exatos 50 anos passados, morria assassinado Martin Luther King Jr.

O Google preparou uma linda homenagem à Maya Angelou (para ver, clique aqui).

Mas, o que essas duas pessoas tem em comum e o que tem em relevância para nossas vidas?

Os Direitos Humanos e o respeito às raças

Eles foram grandes guerreiros que perpetuaram ideias e conceitos contra uma estrutura político-social que usava e abusava da liberdade e direitos principalmente dos negros e índios, como raças menosprezadas e subestimadas. A vida de cada um deles transformou-se, além de exemplo, uma bandeira ferrenha para determinar toda a evolução de direitos e costumes, principalmente nos países americanos, influenciando líderes políticos e gestores públicos nas mudanças de legislações, estruturas, costumes e direitos.

Maya Angelou, pseudónimo de Marguerite Ann Johnson (*St. Louis, Missouri, 4 de abril de 1928, +Winston-Salem, Carolina do Norte, 28 de maio de 2014) foi uma escritora e poetista dos Estados Unidos.

Passou a infância na Califórnia, Arkansas, e St. Louis, e viveu com a avó paterna, Annie Henderson, na maior parte de sua infância. Quando tinha 8 anos, ela foi estuprada pelo namorado da mãe em St. Louis; isto levou a anos de mudez para Maya, que finalmente superou com a ajuda de uma vizinha atenciosa, e um grande amor pela literatura.

Aos 17, Maya tornou-se a primeira motorista negra de ônibus em São Francisco e tornou-se mãe solteira ao dar à luz seu primeiro filho, em uma época em que isso não era comum; em anos posteriores, ela se tornou a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood. Na década de 1950 – quando surgiu com o pseudônimo “Maya Angelou” – ela se afirmou como atriz, cantora e dançarina em várias montagens teatrais que percorreram o país, tais como: Porgy and Bess, Calypso Heatwave, The Blacks e Cabaret for Freedom; Nos anos 60 ela era amiga de Martin Luther King Jr. e Malcolm X; ela serviu no SCLC com Dr. King, e trabalhou durante anos para o movimento de direitos civis. Também nos anos 60, trabalhou e viajou pela África, como jornalista e professora, ajudando vários movimentos de independência africanos. Em 1970, publicou o primeiro livro, I Know Why the Caged Bird Sings, para grande aclamação, e foi nomeada para o Pulitzer Prize em poesia no ano seguinte.

Angelou teve uma carreira longa e distinta. Foi poetisa, escritora, ativista de direitos civis e historiadora, entre outras coisas. Também foi atriz, dançarina e cantora. Atuou na peça de Jean Genet, “The Blacks”, e no aclamado seriado, “Roots”, ganhador de um Emmy. Angelou provavelmente é conhecida melhor pelos seus trabalhos autobiográficos, que incluem I Know Why the Caged Bird Sings e All God’s Children Need Traveling Shoes.

Em 1993, Angelou leu um de seus poemas, chamado “On the Pulse of Morning”, na tomada de posse de Bill Clinton como presidente; este foi um dos pontos altos de sua carreira: recebeu o Grammy de melhor texto recitado pela sua leitura, e novamente a trouxe para a vista do público. Ao final de sua carreira, foi professora de história americana na Wake Forest University, Carolina do Norte, fazia excursões e dava palestras em vários lugares

Morte

Angelou morreu na manhã de 28 de maio de 2014. Ela foi achada por sua enfermeira. Embora Angelou tinha sido relatada com saúde debilitada e tinha cancelado suas aparições agendadas, ela estava trabalhando em outro livro, uma autobiografia sobre suas experiências com líderes nacionais e mundiais. Durante seu memorial em Wake Forest University, seu filho Guy Johnson afirmou que, apesar de estar em constante dor devido a sua carreira dançando e sua insuficiência respiratória, ela escrevera quatro livros durante o último ano da sua vida . Ele disse, “ela deixou este plano mortal sem perda de acuidade e sem perda de compreensão”

Os tributos para Angelou e condolências foram pagos por artistas, pessoas ligadas ao entretenimento, e líderes mundiais, incluindo o Presidente Bill Clinton e o Presidente Barack Obama, cuja irmã foi nomeada em homenagem à Angelou . Harold Augenbraum, da National Book Foundation, disse que “o legado de Angelou pode ser admirado e aspirado por todos os escritores e leitores em todo o mundo.” Na semana depois da morte de Angelou, “I Know Why the Caged Bird Sings”  subiu para primeiro colocado na lista de best-sellers do Amazon.com.

Em 29 de maio de 2014, na igreja de Mount Zion Baptist, em Winston-Salem, da qual Angelou foi membro por 30 anos, foi promovido um memorial público em honra a Angelou. Em 7 de junho, um memorial privado foi exibido ao vivo em estações locais na área de Winston-Salem/Triad e transmitido ao vivo no site da Universidade com os discursos de seu filho, de Oprah Winfrey,  de Michelle Obama e de Bill Clinton. Em 15 de junho, um memorial foi promovido na igreja Glide Memorial, em San Francisco, onde Angelou foi membro por muitos anos. O reverendo Cecil Williams, prefeito Ed Lee, e o ex-prefeito Willie Brown discursaram.

Em 2015, um selo do serviço postal dos Estados Unidos foi emitido em comemoração a Maya Angelou com a citação “Um pássaro não canta porque tem a resposta, ele canta porque tem uma música” de Joan Walsh Anglund, embora o selo erroneamente atribui a citação a Angelou. A citação é do livro de poemas A Cup of Sun, de Anglund.

Martin Luther King Jr. (*15 de janeiro de 1929, em Atlanta, Geórgia. +04 de abril de 1968) Filho de Martin Luther King e de Alberta Williams King. Seu nome legal ao nascer era “Michael King”, mas seu pai, que mudou seu próprio nome de Michael a Martin Luther, disse mais tarde que o nome de Michael foi registrado incorretamente. Martin, Jr. era o filho do meio entre a irmã mais velha, Willie Christine King, e um irmão mais novo, Alfred Daniel Williams King. Luther King, Jr. cantou com o coro da igreja em Atlanta na estréia do filme E o Vento Levou. No entanto, mais tarde, ele concluiu que a Bíblia tem “muitas verdades profundas que não se pode escapar” e decidiu entrar para o seminário.

King era originalmente cético em relação a muitas das reivindicações do cristianismo. O mais impressionante foi, talvez, a sua negação inicial da ressurreição corporal de Jesus durante a Escola Dominical com treze anos de idade. A partir deste ponto, ele declarou: “as dúvidas começaram a brotar inexoravelmente”.

Ativismo político

Em 1955 Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar num ônibus para uma mulher branca e foi presa. Os líderes negros da cidade organizaram um boicote aos ônibus de Montgomery para protestar contra a segregação racial em vigor no transporte. Durante a campanha de um ano e dezesseis dias, coliderada por Martin Luther King, muitas ameaças de morte foram feitas, foi preso e viu sua casa ser atacada. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público.

Depois dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência da Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte, o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não Violento de Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades negras ligadas a igrejas batistas. King era adepto ás ideias de desobediência civil preconizadas pelo líder indiano Mahatma Gandhi e aplicava essas ideias nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que manifestações organizadas e não violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos Estados Unidos, atacadas de modo violento por autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; essa foi a ação fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto político nos Estados Unidos a partir do começo da década de 1960.

Martin Luther King Jr. profere o seu famoso discurso “Eu tenho um sonho” em agosto de 1963 frente ao Memorial Lincoln em Washington, durante a chamada “marcha pelo emprego e pela liberdade”.

Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei estadunidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).

King e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não violento, ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos – invariavelmente estes últimos retaliavam de forma violenta. O CLCS também participou dos protestos em Albany (Alabama) (1961-1962), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir, participou dos protestos em Birmingham (1963) e do protesto em St. Augustine, na Flórida (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no protesto ocorrido na cidade de Selma (Alabama). Em 14 de outubro de 1964, King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento à sua nação e à sua liderança na resistência não violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.

Com colaboração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de 1965. Já haviam ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em 7 de março e a segunda em 9 de março. Na primeira, marcharam 525 pessoas por apenas seis blocos; a intervenção violenta da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas para todo o país e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não participou dessa marcha: encontrava-se em negociações com o presidente estadunidense e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce.

A segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com líderes das cidades seguintes. Esse ato causou surpresa e indignação em muitos ativistas locais. A marcha, finalmente, se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965), com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão “Black Power”. Em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que, inicialmente, deveria ser uma marcha de protesto, mas, depois de discussões com o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração das conquistas do movimento negro (e do governo) – o que irritou bastante ativistas mais radicais e menos ingênuos.

A partir de 1965, o líder negro passou a duvidar das intenções estadunidenses na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e, novamente, em abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os Estados Unidos desempenhavam na guerra. Em 1968 King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça socioeconômica, contra a pobreza (a “Campanha dos Pobres”), que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país.

Politicamente King apoiava os ideais do socialismo democrático, embora fosse relutante em falar diretamente deste apoio devido ao sentimento anticomunista que vinha sendo propagado por toda a América na época – que levou boa parte da população a confundir socialismo com o comunismo bolchevique. King acreditava que o capitalismo não era capaz de fornecer adequadamente uma solução para a miséria de muitos norte-americanos, especificamente no que dizia respeito à comunidade afro-americana.

Também deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original, Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal, mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante num dos programas mais populares da televisão.

Intimidação pelo FBI

Carta do agente do FBI, parte do programa COINTELPRO, recomendando a Martin Luther King, Jr. o suicídio.

John Edgar Hoover considerou-o um radical e fez dele objeto de investigação pelo Programa COINTELPRO do FBI pelo resto de sua vida.[10] Os agentes do FBI investigaram-no por possíveis ligações comunistas, gravaram seus telefonemas de alegadas relações extraconjugais e em uma ocasião, enviaram a King uma carta anônima ameaçando-o e sugerindo que ele cometesse suicídio. A carta foi remetida junto com copias de fitas gravadas de conversas telefônicas de King.

Morte

Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o crime, mas, anos depois, repudiou sua confissão. Encontra-se sepultado no Centro Martin Luther King Jr., Atlanta, Fulton County, Geórgia nos Estados Unidos.[12] A viúva de King, Coretta Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham oferecido 100 mil dólares pelo assassinato de King.

Em 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King – sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.

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